domingo, 29 de abril de 2012

Reflexão sobre toda a Liturgia deste Quarto Domingo da Páscoa do (Ano B)

O 4º Domingo da Páscoa é considerado o “Domingo do Bom Pastor”, pois todos os anos a liturgia propõe, neste domingo, um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como “Bom Pastor”. É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus põe, hoje, à nossa reflexão.
O Evangelho apresenta Cristo como “o Pastor modelo”, que ama de forma gratuita e desinteressada as suas ovelhas, até ser capaz de dar a vida por elas. As ovelhas sabem que podem confiar n’Ele de forma incondicional, pois Ele não busca o próprio bem, mas o bem do seu rebanho. O que é decisivo para pertencer ao rebanho de Jesus é a disponibilidade para “escutar” as propostas que Ele faz e segui-l’O no caminho do amor e da entrega.
A primeira leitura afirma que Jesus é o único Salvador, já que “não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos” (neste “Domingo do Bom Pastor” dizer que Jesus é o “único salvador” equivale a dizer que Ele é o único pastor que nos conduz em direcção à vida verdadeira). Lucas avisa-nos para não nos deixarmos iludir por outras figuras, por outros caminhos, por outras sugestões que nos apresentam propostas falsas de salvação.
Na segunda leitura, o autor da primeira Carta de João convida-nos a contemplar o amor de Deus pelo homem. É porque nos ama com um “amor admirável” que Deus está apostado em levar-nos a superar a nossa condição de debilidade e de fragilidade. O objectivo de Deus é integrar-nos na sua família e tornar-nos “semelhantes” a Ele.

Evangelho do Quarto Domingo da Páscoa (Ano B)


EVANGELHO                                                            Jo 10, 11-18
               «O Bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas»
 Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus:
«Eu sou o Bom Pastor.
O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas.
O mercenário, como não é pastor, nem são suas as ovelhas,
logo que vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge,
enquanto o lobo as arrebata e dispersa.
O mercenário não se preocupa com as ovelhas.
Eu sou o Bom Pastor:
conheço as minhas ovelhas,
e as minhas ovelhas conhecem-Me,
do mesmo modo que o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai;
Eu dou a vida pelas minhas ovelhas.
Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil
e preciso de as reunir;
elas ouvirão a minha voz
e haverá um só rebanho e um só Pastor.
Por isso o Pai Me ama:
porque dou a minha vida, para poder retomá-la.
Ninguém Ma tira, sou Eu que a dou espontaneamente.
Tenho o poder de a dar e de a retomar:
foi este o mandamento que recebi de meu Pai».
Palavra da salvação.

domingo, 22 de abril de 2012

Reflexão sobre toda a Liturgia do terceiro Domingo da Pascoa do (Ano B)

Jesus ressuscitou verdadeiramente? Como é que podemos fazer uma experiência de encontro com Jesus ressuscitado? Como é que podemos mostrar ao mundo que Jesus está vivo e continua a oferecer aos homens a salvação? É, fundamentalmente, a estas questões que a liturgia do 3° Domingo da Páscoa procura responder. 
O Evangelho assegura-nos que Jesus está vivo e continua a ser o centro à volta do qual se constrói a comunidade dos discípulos. É precisamente nesse contexto eclesial - no encontro comunitário, no diálogo com os irmãos que partilham a mesma fé, na escuta comunitária da Palavra de Deus, no amor partilhado em gestos de fraternidade e de serviço - que os discípulos podem fazer a experiência do encontro com Jesus ressuscitado. Depois desse "encontro", os discípulos são convidados a dar testemunho de Jesus diante dos outros homens e mulheres. 
A primeira leitura apresenta-nos, precisamente, o testemunho dos discípulos sobre Jesus. Depois de terem mostrado, em gestos concretos, que Jesus está vivo e continua a oferecer aos homens a salvação, Pedro e João convidam os seus interlocutores a acolherem a proposta de vida que Jesus lhes faz. 
A segunda leitura lembra que o cristão, depois de encontrar Jesus e de aceitar a vida que Ele oferece, tem de viver de forma coerente com o compromisso que assumiu D Essa coerência deve manifestar-se no reconhecimento da debilidade e da fragilidade que fazem parte da realidade humana e num esforço de fidelidade aos mandamentos de Deus.

Evangelho do terceiro Domingo da Pascoa (Ano B)


EVANGELHO                                                  Lc 24, 35-48
     «Assim está escrito que o Messias havia de sofrer
            e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia»
 Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo,
os discípulos de Emaús
contaram o que tinha acontecido no caminho
e como tinham reconhecido Jesus ao partir do pão.
Enquanto diziam isto,
Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes:
«A paz esteja convosco».
Espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito.
Disse-lhes Jesus: «Porque estais perturbados
e porque se levantam esses pensamentos nos vossos corações?
Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo;
tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem ossos,
como vedes que Eu tenho».

Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés.
E como eles, na sua alegria e admiração,
não queriam ainda acreditar,
perguntou-lhes:
«Tendes aí alguma coisa para comer?».
Deram-Lhe uma posta de peixe assado,
que Ele tomou e começou a comer diante deles.
Depois disse-lhes:
«Foram estas as palavras que vos dirigi,
quando ainda estava convosco:
‘Tem de se cumprir tudo o que está escrito a meu respeito
na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos’».
Abriu-lhes então o entendimento
para compreenderem as Escrituras
e disse-lhes:
«Assim está escrito que o Messias havia de sofrer
e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia,
e que havia de ser pregado em seu nome
o arrependimento e o perdão dos pecados
a todas as nações, começando por Jerusalém.
Vós sois as testemunhas de todas estas coisas».
Palavra da salvação.

domingo, 15 de abril de 2012

Reflexão sobre toda a Liturgia do 2º Domingo da Pascoa

A liturgia deste domingo apresenta-nos essa comunidade de Homens Novos que nasce da cruz e da ressurreição de Jesus: a Igreja. A sua missão consiste em revelar aos homens a vida nova que brota da ressurreição.
Na primeira leitura temos, numa das “fotografia” que Lucas apresenta da comunidade cristã de Jerusalém, os traços da comunidade ideal: é uma comunidade formada por pessoas diversas, mas que vivem a mesma fé num só coração e numa só alma; é uma comunidade que manifesta o seu amor fraterno em gestos concretos de partilha e de dom e que, dessa forma, testemunha Jesus ressuscitado.
No Evangelho sobressai a ideia de que Jesus vivo e ressuscitado é o centro da comunidade cristã; é à volta d’Ele que a comunidade se estrutura e é d’Ele que ela recebe a vida que a anima e que lhe permite enfrentar as dificuldades e as perseguições. Por outro lado, é na vida da comunidade (na sua liturgia, no seu amor, no seu testemunho) que os homens encontram as provas de que Jesus está vivo.
A segunda leitura recorda aos membros da comunidade cristã os critérios que definem a vida cristã autêntica: o verdadeiro crente é aquele que ama Deus, que adere a Jesus Cristo e à proposta de salvação que, através d’Ele, o Pai faz aos homens e que vive no amor aos irmãos. Quem vive desta forma, vence o mundo e passa a integrar a família de Deus.

Evangelho do segundo Domingo da Pascoa (Ano B) Chamado Domingo da Divina Misericórdia


EVANGELHO                                                   Jo 20, 19-31
                         «Oito dias depois, veio Jesus ...»
 Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana,
estando fechadas as portas da casa
onde os discípulos se encontravam,
com medo dos judeus,
veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes:
«A paz esteja convosco».
Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado.

Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor.
Jesus disse-lhes de novo:
«A paz esteja convosco.
Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós».
Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes:
«Recebei o Espírito Santo:
àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados;
e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos».
Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo,
não estava com eles quando veio Jesus.
Disseram-lhe os outros discípulos:
«Vimos o Senhor».
Mas ele respondeu-lhes:
«Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos,
se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado,
não acreditarei».
Oito dias depois,
estavam os discípulos outra vez em casa,
e Tomé com eles.
Veio Jesus, estando as portas fechadas,
apresentou-Se no meio deles e disse:
«A paz esteja convosco».
Depois disse a Tomé:
«Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos;
aproxima a tua mão e mete-a no meu lado;
e não sejas incrédulo, mas crente».
Tomé respondeu-Lhe:
«Meu Senhor e meu Deus!».
Disse-lhe Jesus:
«Porque Me viste acreditaste:
felizes os que acreditam sem terem visto».
Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos,
que não estão escritos neste livro.
Estes, porém, foram escritos
para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus,
e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.
Palavra da salvação.

domingo, 8 de abril de 2012

Semana Santa: Divórcio, traição e dificuldades familiares nas reflexões da Via-Sacra do Coliseu

Semana Santa: Divórcio, traição e dificuldades familiares nas reflexões da Via-Sacra do Coliseu

Semana Santa: Divórcio, traição e dificuldades familiares nas reflexões da Via-Sacra do Coliseu

Semana Santa: Divórcio, traição e dificuldades familiares nas reflexões da Via-Sacra do Coliseu

Reflexão sobre toda a Liturgia deste Primeiro Domingo da Pascoa

A liturgia deste domingo celebra a ressurreição e garante-nos que a vida em plenitude resulta de uma existência feita dom e serviço em favor dos irmãos. A ressurreição de Cristo é o exemplo concreto que confirma tudo isto.
A primeira leitura apresenta o exemplo de Cristo que “passou pelo mundo fazendo o bem” e que, por amor, se deu até à morte; por isso, Deus ressuscitou-O. Os discípulos, testemunhas desta dinâmica, devem anunciar este “caminho” a todos os homens.
O Evangelho coloca-nos diante de duas atitudes face à ressurreição: a do discípulo obstinado, que se recusa a aceitá-la porque, na sua lógica, o amor total e a doação da vida não podem, nunca, ser geradores de vida nova; e a do discípulo ideal, que ama Jesus e que, por isso, entende o seu caminho e a sua proposta (a esse não o escandaliza nem o espanta que da cruz tenha nascido a vida plena, a vida verdadeira).
A segunda leitura convida os cristãos, revestidos de Cristo pelo baptismo, a continuarem a sua caminhada de vida nova, até à transformação plena (que acontecerá quando, pela morte, tivermos ultrapassado a última barreira da nossa finitude).

Evangelho do Primeiro Domingo da Pascoa do (Ano B)



EVANGELHO                                                               Jo 20, 1-9
                         «Ele tinha de ressuscitar dos mortos»
 Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
No primeiro dia da semana,
Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro
e viu a pedra retirada do sepulcro.
Correu então e foi ter com Simão Pedro
e com o discípulo predilecto de Jesus
e disse-lhes:
«Levaram o Senhor do sepulcro
e não sabemos onde O puseram».
Pedro partiu com o outro discípulo
e foram ambos ao sepulcro.
Corriam os dois juntos,
mas o outro discípulo antecipou-se,
correndo mais depressa do que Pedro,
e chegou primeiro ao sepulcro.
Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou.
Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira.
Entrou no sepulcro
e viu as ligaduras no chão
e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus,
não com as ligaduras, mas enrolado à parte.
Entrou também o outro discípulo
que chegara primeiro ao sepulcro:
viu e acreditou.
Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura,
segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.
Palavra da salvação.

domingo, 1 de abril de 2012

JACOB DE LIMA "ENTRADA TRIUNFAL"

Reflexão sobre toda a Liturgia do Domingo de Ramos

A liturgia deste último Domingo da Quaresma convida-nos a contemplar esse Deus que, por amor, desceu ao nosso encontro, partilhou a nossa humanidade, fez-Se servo dos homens, deixou-Se matar para que o egoísmo e o pecado fossem vencidos. A cruz (que a liturgia deste domingo coloca no horizonte próximo de Jesus) apresenta-nos a lição suprema, o último passo desse caminho de vida nova que, em Jesus, Deus nos propõe: a doação da vida por amor.
A primeira leitura apresenta-nos um profeta anónimo, chamado por Deus a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação. Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e concretizou, com teimosa fidelidade, os projectos de Deus. Os primeiros cristãos viram neste “servo” a figura de Jesus.
A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de Cristo. Ele prescindiu do orgulho e da arrogância, para escolher a obediência ao Pai e o serviço aos homens, até ao dom da vida. É esse mesmo caminho de vida que a Palavra de Deus nos propõe.
O Evangelho convida-nos a contemplar a paixão e morte de Jesus: é o momento supremo de uma vida feita dom e serviço, a fim de libertar os homens de tudo aquilo que gera egoísmo e escravidão. Na cruz, revela-se o amor de Deus – esse amor que não guarda nada para si, mas que se faz dom total.

EVANGELHO da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo

EVANGELHO          Forma longa               Mc 14, 1 – 15, 47
             Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo
N Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo 
segundo São Marcos
Faltavam dois dias para a festa da Páscoa e dos Ázimos,
e os príncipes dos sacerdotes e os escribas
procuravam maneira de se apoderarem de Jesus à traição,
para Lhe darem a morte.
Mas diziam:
R «Durante a festa, não,
para que não haja algum tumulto entre o povo».
N  Jesus encontrava-Se em Betânia,
em casa de Simão o Leproso,
e, estando à mesa,
veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro
com perfume de nardo puro de alto preço.
Partiu o vaso de alabastro
e derramou-o sobre a cabeça de Jesus.
 alguns indignaram-se e diziam entre si:
R  «Para que foi esse desperdício de perfume?
Podia vender-se por mais de duzentos denários
e dar o dinheiro aos pobres».
N E censuravam a mulher com aspereza.
Mas Jesus disse:

J «Deixai-a. Porque estais a importuná-la?
Ela fez uma boa acção para comigo.
Na verdade, sempre tereis os pobres convosco
e, quando quiserdes, podereis fazer-lhes bem;
mas a Mim, nem sempre Me tereis.
Ela fez o que estava ao seu alcance:
ungiu de antemão o meu corpo para a sepultura.
Em verdade vos digo:
 onde quer que se proclamar o Evangelho, pelo mundo inteiro,
dir-se-á também em sua memória o que ela fez».
N  Então, Judas Iscariotes, um dos Doze,
foi ter com os príncipes dos sacerdotes
para lhes entregar Jesus.
 quando o ouviram, alegraram-se
e prometeram dar-lhe dinheiro.
E ele procurava uma oportunidade para entregar Jesus.
N No primeiro dia dos Ázimos,
em que se imolava o cordeiro pascal,
os discípulos perguntaram a Jesus:
R «onde queres que façamos os preparativos
para comer a Páscoa?».
N Jesus enviou dois discípulos e disse-lhes:
J  «Ide à cidade.
Virá ao vosso encontro um homem com uma bilha de água.
Segui-o e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa:
‘o Mestre pergunta: onde está a sala,
em que hei-de comer a Páscoa com os meus discípulos?’.
Ele vos mostrará uma grande sala no andar superior,
alcatifada e pronta.
Preparai-nos lá o que é preciso».
N  os discípulos partiram e foram à cidade.
Encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito
e prepararam a Páscoa.
 ao cair da tarde, chegou Jesus com os Doze.
Enquanto estavam à mesa e comiam,
Jesus disse:

J  «Em verdade vos digo:
 um de vós, que está comigo à mesa, há-de entregar-Me».
N Eles começaram a entristecer-se e a dizer um após outro:
R  «Serei eu?».
N  Jesus respondeu-lhes:
J  «É um dos Doze, que mete comigo a mão no prato.
 o Filho do homem vai partir,
como está escrito a seu respeito,
mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser traído!
 teria sido melhor para esse homem não ter nascido».
N  Enquanto comiam, Jesus tomou o pão,
recitou a bênção e partiu-o,
deu-o aos discípulos e disse:
J «tomai: isto é o meu corpo».
N Depois tomou um cálice, deu graças e entregou-lho.
E todos beberam dele.
Disse Jesus:
J  «Este é o meu sangue, o sangue da nova aliança,
derramado pela multidão dos homens.
Em verdade vos digo:
Não voltarei a beber do fruto da videira,
até ao dia em que beberei do vinho novo no reino de Deus».
N Cantaram os salmos e saíram para o monte das oliveiras.
N Disse-lhes Jesus:
J «todos vós Me abandonareis, como está escrito:
‘Ferirei o pastor e dispersar-se-ão as ovelhas’.
Mas depois de ressuscitar,
irei à vossa frente para a Galileia».
N  Disse-Lhe Pedro:
R «Embora todos te abandonem, eu não».
N Jesus respondeu-lhe:
J «Em verdade te digo:
Hoje, esta mesma noite, antes de o galo cantar duas vezes,
três vezes Me negarás».
N Mas Pedro continuava a insistir:
R «ainda que tenha de morrer contigo, não te negarei».

N  E todos afirmaram o mesmo.
Entretanto, chegaram a uma propriedade chamada Getsémani,
e Jesus disse aos seus discípulos:
J  «Ficai aqui, enquanto Eu vou orar».
N  tomou consigo Pedro, tiago e João
e começou a sentir pavor e angústia.
Disse-lhes então:
J «a minha alma está numa tristeza de morte.
Ficai aqui e vigiai».
N adiantando-Se um pouco, caiu por terra
e orou para que, se fosse possível,
se afastasse d’Ele aquela hora.
Jesus dizia:
J  «abá, Pai, tudo te é possível:
afasta de Mim este cálice.
Contudo, não se faça o que Eu quero,
mas o que tu queres».
N  Depois, foi ter com os discípulos, encontrou-os a dormir
e disse a Pedro:
J «Simão, estás a dormir? Não pudeste vigiar uma hora?
Vigiai e orai, para não entrardes em tentação.
 o espírito está pronto, mas a carne é fraca».
N  afastou-Se de novo e orou, dizendo as mesmas palavras.
Voltou novamente e encontrou-os a dormir,
porque tinham os olhos pesados
e não sabiam que responder.
Jesus voltou pela terceira vez e disse-lhes:
J «Dormi agora e descansai...
Chegou a hora:
o Filho do homem vai ser entregue às mãos dos pecadores.
Levantai-vos. Vamos.
Já se aproxima aquele que Me vai entregar».
N  ainda Jesus estava a falar,
quando apareceu Judas, um dos Doze,
e com ele uma grande multidão, com espadas e varapaus,
enviada pelos príncipes dos sacerdotes,
pelos escribas e os anciãos.

o traidor tinha-lhes dado este sinal:
«aquele que eu beijar, é esse mesmo.
Prendei-o e levai-o bem seguro».
Logo que chegou, aproximou-se de Jesus e beijou-o, dizendo:
R  «Mestre».
N  Então deitaram-Lhe as mãos e prenderam-n’o.
 um dos presentes puxou da espada
e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe uma orelha.
Jesus tomou a palavra e disse-lhes:
J «Vós saístes com espadas e varapaus para Me prender,
como se fosse um salteador.
 todos os dias Eu estava no meio de vós,
a ensinar no templo,
e não Me prendestes!
Mas é para se cumprirem as Escrituras».
N Então os discípulos deixaram-n’o e fugiram todos.
Seguiu-o um jovem, envolto apenas num lençol.
 agarraram-no, mas ele, largando o lençol, fugiu nu.
N Levaram então Jesus à presença do sumo sacerdote,
onde se reuniram todos os príncipes dos sacerdotes,
os anciãos e os escribas.
Pedro, que o seguira de longe,
até ao interior do palácio do sumo sacerdote,
estava sentado com os guardas, a aquecer-se ao lume.
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio
procuravam um testemunho contra Jesus
para Lhe dar a morte,
mas não o encontravam.
Muitos testemunhavam falsamente contra Ele,
mas os seus depoimentos não eram concordes.
Levantaram-se então alguns,
para proferir contra Ele este falso testemunho:
R «ouvimo-l’o dizer:
‘Destruirei este templo feito pelos homens
e em três dias construirei outro
que não será feito pelos homens’».

N Mas nem assim o depoimento deles era concorde.
Então o sumo sacerdote levantou-se no meio de todos
e perguntou a Jesus:
R «Não respondes nada ao que eles depõem contra ti?».
N Mas Jesus continuava calado e nada respondeu.
 o sumo sacerdote voltou a interrogá-l’o:
R «És tu o Messias, Filho do Deus bendito?».
N Jesus respondeu:
J «Eu Sou. E vós vereis o Filho do homem
sentado à direita do todo-poderoso
vir sobre as nuvens do céu».
N  o sumo sacerdote rasgou as vestes e disse:
R «que necessidade temos ainda de testemunhas?
 ouvistes a blasfémia. que vos parece?».
N todos sentenciaram que Jesus era réu de morte.
Depois, alguns começaram a cuspir-Lhe,
a tapar-Lhe o rosto com um véu
e a dar-Lhe punhadas, dizendo:
R  «adivinha».
N E os guardas davam-Lhe bofetadas.
Pedro estava em baixo, no pátio,
quando chegou uma das criadas do sumo sacerdote.
 ao vê-lo a aquecer-se, olhou-o de frente e disse-lhe:
R «tu também estavas com Jesus, o Nazareno».
N  Mas ele negou:
R  «Não sei nem entendo o que dizes».
N Depois saiu para o vestíbulo, e o galo cantou.
 a criada, vendo-o de novo, começou a dizer aos presentes:
R «Este é um deles».
N Mas ele negou segunda vez.
Pouco depois, os presentes diziam também a Pedro:
R «Na verdade, tu és deles, pois também és galileu».
N Mas ele começou a dizer imprecações e a jurar:
R «Não conheço esse homem de quem falais».

N E logo o galo cantou pela segunda vez.
Então Pedro lembrou-se do que Jesus lhe tinha dito:
«antes de o galo cantar duas vezes,
três vezes Me negarás».
E desatou a chorar.
N Logo de manhã,
os príncipes dos sacerdotes reuniram-se em conselho
com os anciãos e os escribas e todo o Sinédrio.
Depois de terem manietado Jesus,
foram entregá-l’o a Pilatos.
Pilatos perguntou-Lhe:
R «tu és o rei dos judeus?».
N Jesus respondeu:
J «É como dizes».
N E os príncipes dos sacerdotes
faziam muitas acusações contra Ele.
Pilatos interrogou-o de novo:
R «Não respondes nada? Vê de quantas coisas te acusam».
N Mas Jesus nada respondeu,
de modo que Pilatos estava admirado.
Pela festa da Páscoa,
Pilatos costumava soltar-lhes um preso à sua escolha.
Havia um, chamado Barrabás, preso com os insurrectos
que numa revolta tinham cometido um assassínio.
 a multidão, subindo,
começou a pedir o que era costume conceder-lhes.
Pilatos respondeu:
R «quereis que vos solte o rei dos judeus?».
N Ele sabia que os príncipes dos sacerdotes
 o tinham entregado por inveja.
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes incitaram a multidão
a pedir que lhes soltasse antes Barrabás.
Pilatos, tomando de novo a palavra, perguntou-lhes:
R  «Então que hei-de fazer d’aquele
que chamais o rei dos judeus?».

N Eles gritaram de novo:
R  «Crucifica-o!».
N Pilatos insistiu:
R  «que mal fez Ele?».
N Mas eles gritaram ainda mais:
R  «Crucifica-o!».
N Então Pilatos, querendo contentar a multidão,
soltou-lhes Barrabás
e, depois de ter mandado açoitar Jesus,
entregou-o para ser crucificado.
 os soldados levaram-n’o para dentro do palácio,
que era o pretório,
e convocaram toda a coorte.
 revestiram-n’o com um manto de púrpura
e puseram-Lhe na cabeça uma coroa de espinhos
que haviam tecido.
Depois começaram a saudá-l’o:
R  «Salve, rei dos judeus!».
N  Batiam-Lhe na cabeça com uma cana, cuspiam-Lhe
e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante d’Ele.
Depois de o terem escarnecido,
tiraram-Lhe o manto de púrpura
e vestiram-Lhe as suas roupas.
Em seguida levaram-n’o dali para o crucificarem.
N requisitaram, para Lhe levar a cruz,
um homem que passava, vindo do campo,
Simão de Cirene, pai de alexandre e rufo.
E levaram Jesus ao lugar do Gólgota,
quer dizer, lugar do Calvário.
queriam dar-Lhe vinho misturado com mirra,
mas Ele não o quis beber.
Depois crucificaram-n’o.
E repartiram entre si as suas vestes,
tirando-as à sorte, para verem o que levaria cada um.
Eram nove horas da manhã quando o crucificaram.
 o letreiro que indicava a causa da condenação tinha escrito:
«rei dos Judeus».

Crucificaram com Ele dois salteadores,
um à direita e outro à esquerda.
 os que passavam insultavam-n’o
e abanavam a cabeça, dizendo:
R «tu que destruías o templo e o reedificavas em três dias,
salva-te a ti mesmo e desce da cruz».
N os príncipes dos sacerdotes e os escribas
troçavam uns com os outros, dizendo:
R «Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo!
Esse Messias, o rei de Israel, desça agora da cruz,
para nós vermos e acreditarmos».
N até os que estavam crucificados com Ele o injuriavam.
 quando chegou o meio-dia,
as trevas envolveram toda a terra até às três horas da tarde.
E às três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte:
J «Eloí, Eloí, lemá sabactáni?».
N que quer dizer:
«Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?».
 alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram:
R «Está a chamar por Elias».
N alguém correu a embeber uma esponja em vinagre
e, pondo-a na ponta duma cana, deu-Lhe a beber e disse:
R «Deixa ver se Elias vem tirá-l’o dali».
N Então Jesus, soltando um grande brado, expirou.
 o véu do templo rasgou-se em duas partes de alto a baixo.
 o centurião que estava em frente de Jesus,
ao vê-l’o expirar daquela maneira, exclamou:
R «Na verdade, este homem era Filho de Deus».
N  Estavam também ali umas mulheres a observar de longe,
entre elas Maria Madalena,
Maria, mãe de tiago e de José, e Salomé,
que acompanhavam e serviam Jesus,
quando estava na Galileia,
e muitas outras que tinham subido com Ele a Jerusalém.

ao cair da tarde
– visto ser a Preparação, isto é, a véspera do sábado –
José de arimateia, ilustre membro do Sinédrio,
que também esperava o reino de Deus,
foi corajosamente à presença de Pilatos
e pediu-lhe o corpo de Jesus.
Pilatos ficou admirado de Ele já estar morto
e, mandando chamar o centurião,
perguntou-lhe se Jesus já tinha morrido.
Informado pelo centurião,
ordenou que o corpo fosse entregue a José.
José comprou um lençol,
desceu o corpo de Jesus e envolveu-o no lençol;
depois depositou-o num sepulcro escavado na rocha
e rolou uma pedra para a entrada do sepulcro.
Entretanto, Maria Madalena e Maria, mãe de José,
observavam onde Jesus tinha sido depositado.
Palavra da salvação.