domingo, 13 de abril de 2014

Evangelho da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo

EVANGELHO              Forma longa              Mt 26, 14 – 27, 66
                   Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo
N Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo 
 segundo São Mateus
 Naquele tempo,
 um dos Doze, chamado Judas Iscariotes,
 foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes:
R «Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?».
N Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata.
 E a partir de então,
 Judas procurava uma oportunidade para O entregar. No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe:
R «Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?».
N Ele respondeu:
J «Ide à cidade, a casa de tal pessoa, e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo. É em tua casa que Eu quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos’».
N Os discípulos fizeram como Jesus lhes tinha mandado e prepararam a Páscoa.
 Ao cair da noite, sentou-Se à mesa com os Doze. Enquanto comiam, declarou:
J «Em verdade vos digo: Um de vós há-de entregar-Me».
N Profundamente entristecidos, começou cada um a perguntar-Lhe:
R «Serei eu, Senhor?».
N Jesus respondeu:
J «Aquele que meteu comigo a mão no prato é que há-de entregar-Me. O Filho do homem vai partir, como está escrito acerca d’Ele. Mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser entregue! Melhor seria para esse homem não ter nascido».
N Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou:
R «Serei eu, Mestre?».
N Respondeu Jesus:
J «Tu o disseste».
N Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e deu-o aos discípulos, dizendo:
J «Tomai e comei: Isto é o meu corpo».
N Tomou em seguida um cálice, deu graças e entregou-lho, dizendo:
J «Bebei dele todos,
 porque este é o meu sangue, o sangue da aliança,
 derramado pela multidão,
 para remissão dos pecados.
Eu vos digo que não beberei mais deste fruto da videira, até ao dia em que beberei convosco o vinho novo no reino de meu Pai».
N Cantaram os salmos e seguiram para o monte das Oliveiras.
N Então, Jesus disse-lhes:
J «Todos vós, esta noite, vos escandalizareis por minha causa, como está escrito: ‘Ferirei o pastor. e dispersar-se-ão as ovelhas do rebanho’. Mas, depois de ressuscitar, preceder-vos-ei a caminho da Galileia».
N Pedro interveio, dizendo:
R «Ainda que todos se escandalizem por tua causa,
 eu não me escandalizarei».
N Jesus respondeu-lhe:
J «Em verdade te digo:
 Esta mesma noite, antes de o galo cantar,
 Me negarás três vezes».
N Pedro disse-lhe:
R «Ainda que tenha de morrer contigo, não Te negarei».
N E o mesmo disseram todos os discípulos.
 Então, Jesus chegou com eles a uma propriedade, chamada Getsémani, e disse aos discípulos:
J «Ficai aqui, enquanto Eu vou além orar».
N E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu,
 começou a entristecer-Se e a angustiar-Se.
 Disse-lhes então:
J «A minha alma está numa tristeza de morte.
 Ficai aqui e vigiai comigo».
N E, adiantando-Se um pouco mais, caiu com o rosto por terra,
 enquanto orava e dizia:
J «Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice. Todavia, não se faça como Eu quero, mas como Tu queres».
N Depois, foi ter com os discípulos, encontrou-os a dormir e disse a Pedro:
J «Nem sequer pudestes vigiar uma hora comigo! Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca».
N De novo Se afastou, pela segunda vez, e orou, dizendo:
J «Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-se a tua vontade».
N Voltou novamente e encontrou-os a dormir, pois os seus olhos estavam pesados de sono. Deixou-os e foi de novo orar, pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. Veio então ao encontro dos discípulos e disse-lhes:
J «Dormi agora e descansai. Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser entregue às mãos dos pecadores. Levantai-vos, vamos. Aproxima-se aquele que Me vai entregar».
N Ainda Jesus estava a falar, quando chegou Judas, um dos Doze, e com ele uma grande multidão, com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo. O traidor tinha-lhes dado este sinal:
R «Aquele que eu beijar, é esse mesmo. Prendei-O».
N Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse-Lhe:
R «Salve, Mestre!».
N E beijou-O. Jesus respondeu- lhe:
J «Amigo, a que vieste?».
N Então avançaram, deitaram as mãos a Jesus e prenderam-n’O. Um dos que estavam com Jesus levou a mão à espada, desembainhou-a e feriu um servo do sumo sacerdote, cortando-lhe uma orelha. Jesus disse-lhe:
J «Mete a tua espada na bainha, pois todos os que puxarem da espada morrerão à espada. Pensas que não posso rogar a meu Pai que ponha já ao meu dispor mais de doze legiões de Anjos? Mas como se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim tem de acontecer?».
N Voltando-Se depois para a multidão, Jesus disse:
J «Viestes com espadas e varapaus para Me prender como se fosse um salteador! Eu estava todos os dias sentado no templo a ensinar e não Me prendestes ... Mas, tudo isto aconteceu
 para se cumprirem as Escrituras dos profetas».
N Então todos os discípulos O abandonaram e fugiram.
N Os que tinham prendido Jesus levaram-n’O à presença do sumo sacerdote Caifás, onde os escribas e os anciãos se tinham reunido. Pedro foi-O seguindo de longe, até ao palácio do sumo sacerdote. Aproximando-se, entrou e sentou-se com os guardas, para ver como acabaria tudo aquilo. Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um testemunho falso contra Jesus para O condenarem à morte, mas não o encontravam, embora se tivessem apresentado muitas testemunhas falsas. Por fim, apresentaram-se duas que disseram:
R «Este homem afirmou: ‘Posso destruir o templo de Deus e reconstruí-lo em três dias’».
N Então o sumo sacerdote levantou-se e disse a Jesus:
R «Não respondes nada? Que dizes ao que depõem contra Ti?».
N Mas Jesus continuava calado. Disse-Lhe o sumo sacerdote:
R «Eu Te conjuro pelo Deus vivo, que nos declares se és Tu o Messias, o Filho de Deus».
N Jesus respondeu-lhe:
J «Tu o disseste. E Eu digo-vos: vereis o Filho do homem sentado à direita do Todo-poderoso, vindo sobre as nuvens do céu».
N Então o sumo sacerdote rasgou as vestes, dizendo:
R «Blasfemou. Que necessidade temos de mais testemunhas? Acabais de ouvir a blasfémia. Que vos parece?».
N Eles responderam:
R «É réu de morte».
N Cuspiram-Lhe então no rosto e deram-Lhe punhadas.
 Outros esbofeteavam-n’O, dizendo:
R «Adivinha, Messias: quem foi que Te bateu?».
N Entretanto, Pedro estava sentado no pátio. Uma criada aproximou-se dele e disse-lhe:
R «Tu também estavas com Jesus, o galileu».
N Mas ele negou diante de todos, dizendo:
R «Não sei o que dizes».
N Dirigindo-se para a porta, foi visto por outra criada que disse aos circunstantes:
R «Este homem estava com Jesus de Nazaré».
N E, de novo, ele negou com juramento:
R «Não conheço tal homem».
N Pouco depois, aproximaram-se os que ali estavam e disseram a Pedro:
R «Com certeza tu és deles, pois até a fala te denuncia».
N Começou então a dizer imprecações e a jurar:
R «Não conheço tal homem».
N E, imediatamente, um galo cantou.
 Então, Pedro lembrou-se das palavras que Jesus dissera:
 «Antes de o galo cantar, tu Me negarás três vezes».
 E, saindo, chorou amargamente.
 Ao romper da manhã, todos os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram em conselho contra Jesus, para Lhe darem a morte.
Depois de Lhe atarem as mãos, levaram-n’O e entregaram-n’O ao governador Pilatos.
 Então Judas, que entregara Jesus, vendo que Ele tinha sido condenado, tocado pelo remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, dizendo:
R «Pequei, entregando sangue inocente».
N Mas eles replicaram:
R «Que nos importa? É lá contigo».
N Então arremessou as moedas para o santuário, saiu dali e foi-se enforcar. Mas os príncipes dos sacerdotes apanharam as moedas e disseram:
R «Não se podem lançar no tesouro, porque são preço de sangue».
N E, depois de terem deliberado, compraram com elas o Campo do Oleiro, que servia para a sepultura dos estrangeiros. Por este motivo se tem chamado àquele campo, até ao dia de hoje, «Campo de Sangue». Cumpriu-se então o que fora dito pelo profeta: «Tomaram trinta moedas de prata, preço em que foi avaliado Aquele que os filhos de Israel avaliaram, e deram-nas pelo Campo do Oleiro, como o Senhor me tinha ordenado».
N Entretanto, Jesus foi levado à presença do governador, que Lhe perguntou:
R «Tu és o rei dos judeus?».
N Jesus respondeu:
J «É como dizes».
N Mas, ao ser acusado pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu.
 Disse-Lhe então Pilatos:
R «Não ouves quantas acusações levantam contra Ti?».
N Mas Jesus não respondeu coisa alguma, a ponto de o governador ficar muito admirado.
 Ora, pela festa da Páscoa, o governador costumava soltar um preso, à escolha do povo. Nessa altura, havia um preso famoso, chamado Barrabás. E, quando eles se reuniram, disse-lhes Pilatos:
R «Qual quereis que vos solte? Barrabás, ou Jesus, chamado Cristo?».
N Ele bem sabia que O tinham entregado por inveja. Enquanto estava sentado no tribunal, a mulher mandou-lhe dizer:
R «Não te prendas com a causa desse justo, pois hoje sofri muito em sonhos por causa d’Ele».
N Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos
 persuadiram a multidão a que pedisse Barrabás
 e fizesse morrer Jesus.
 O governador tomou a palavra e perguntou-lhes:
R «Qual dos dois quereis que vos solte?».
N Eles responderam:
R «Barrabás».
N Disse-lhes Pilatos:
R «E que hei-de fazer de Jesus, chamado Cristo?».
N Responderam todos:
R «Seja crucificado».
N Pilatos insistiu:
R «Que mal fez Ele?».
N Mas eles gritavam cada vez mais:
R «Seja crucificado».
N Pilatos, vendo que não conseguia nada e aumentava o tumulto, mandou vir água e lavou as mãos na presença da multidão, dizendo:
R «Estou inocente do sangue deste homem.
 Isso é lá convosco».
N E todo o povo respondeu:
R «O seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos».
N Soltou-lhes então Barrabás. E, depois de ter mandado açoitar Jesus, entregou-lh’O para ser crucificado. Então os soldados do governador levaram Jesus para o pretório e reuniram à volta d’Ele toda a coorte. Tiraram-Lhe a roupa e envolveram-n’O num manto vermelho. Teceram uma coroa de espinhos e puseram-Lha na cabeça e colocaram uma cana na sua mão direita. Ajoelhando diante d’Ele, escarneciam-n’O, dizendo:
R «Salve, rei dos judeus!».
N Depois, cuspiam-Lhe no rosto
 e, pegando na cana, batiam-Lhe com ela na cabeça. Depois de O terem escarnecido, tiraram-Lhe o manto, vestiram-Lhe as suas roupas e levaram-n’O para ser crucificado.
N Ao saírem, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, e requisitaram-no para levar a cruz de Jesus. Chegados a um lugar chamado Gólgota, que quer dizer lugar do Calvário, deram-Lhe a beber vinho misturado com fel. Mas Jesus, depois de o provar, não quis beber. Depois de O terem crucificado, repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, e ficaram ali sentados a guardá-l’O.
 Por cima da sua cabeça puseram um letreiro, indicando a causa da sua condenação: «Este é Jesus, o rei dos judeus».
 Foram crucificados com Ele dois salteadores, um à direita e outro à esquerda. Os que passavam insultavam-n’O
 e abanavam a cabeça, dizendo:
R «Tu, que destruías o templo e o reedificavas em três dias,
 salva-Te a Ti mesmo;
 se és Filho de Deus, desce da cruz».
N Os príncipes dos sacerdotes,
 juntamente com os escribas e os anciãos,
 também troçavam d’Ele, dizendo:
R «Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo!
 Se é o rei de Israel,
 desça agora da cruz e acreditaremos n’Ele.
 Confiou em Deus:
 Ele que O livre agora, se O ama,
 porque disse: ‘Eu sou Filho de Deus’».
N Até os salteadores crucificados com Ele O insultavam.
 Desde o meio-dia até às três horas da tarde,
 as trevas envolveram toda a terra.
 E, pelas três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte:
J «Eli, Eli, lemá sabactáni?»,
N que quer dizer:
 «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?».
 Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram:
R «Está a chamar por Elias».
N Um deles correu a tomar uma esponja,
 embebeu-a em vinagre,
 pô-la na ponta duma cana e deu-Lhe a beber.
 Mas os outros disseram:
R «Deixa lá. Vejamos se Elias vem salvá-l’O».
N E Jesus, clamando outra vez com voz forte, expirou.
N Então, o véu do templo rasgou-se em duas partes,
 de alto a baixo; a terra tremeu e as rochas fenderam-se.
 Abriram-se os túmulos,
 e muitos dos corpos de santos que tinham morrido
 ressuscitaram;
 e, saindo do sepulcro, depois da ressurreição de Jesus,
 entraram na cidade santa e apareceram a muitos.
 Entretanto, o centurião e os que com ele guardavam Jesus,
 ao verem o tremor de terra e o que estava a acontecer,
 ficaram aterrados e disseram:
R «Este era verdadeiramente Filho de Deus».
N Estavam ali, a observar de longe, muitas mulheres
 que tinham seguido Jesus desde a Galileia, para O servirem.
 Entre elas encontrava-se Maria Madalena,
 Maria, mãe de Tiago e de José,
 e a mãe dos filhos de Zebedeu.
 Ao cair da tarde, veio um homem rico de Arimateia, chamado José, que também se tinha tornado discípulo de Jesus. Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. E Pilatos ordenou que lho entregassem. José tomou o corpo, envolveu-o num lençol limpo
 e depositou-o no seu sepulcro novo,
 que tinha mandado escavar na rocha. Depois rolou uma grande pedra para a entrada do sepulcro
 e retirou-se.
 Entretanto, estavam ali Maria Madalena e a outra Maria,
 sentadas em frente do sepulcro.
 No dia seguinte, isto é, depois da Preparação, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus foram ter com Pilatos e disseram-lhe:
R «Senhor, lembrámo-nos do que aquele impostor disse quando ainda era vivo: ‘Depois de três dias ressuscitarei’. Por isso, manda que o sepulcro seja mantido em segurança até ao terceiro dia,
 para que não venham os discípulos roubá-lo e dizer ao povo: ‘Ressuscitou dos mortos’.
 E a última impostura seria pior do que a primeira».
N Pilatos respondeu:
R «Tendes à vossa disposição a guarda:
 ide e guardai-o como entenderdes».
N Eles foram e guardaram o sepulcro,
 selando a pedra e pondo a guarda.
 Palavra da salvação.





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